Uma música, antes de revelar sua beleza, foi composta por pequenas notas ouvidas entre acertos e erros de um compositor. Este blog traduz algumas "notas" ouvidas e discutidas na disciplina: "Tendências contemporâneas de currículo" ministrada pela professora Rita Stano da UNIFEI. Como eterno professor-compositor, entre acertos e erros tento compor "músicas" através de "pensamentos e reflexões".

sexta-feira, 30 de março de 2012

Reflexão inicial- Palavras e currículo



Atividade1: Reflexão sobre o currículo e as palavras dos colegas: “Reforma, escolha, paixão, cumprimento de papéis, escada, descoberta, política”.

Desde quando nascemos nossas vidas são movidas por significativas escolhas condizentes a cada fase de nossa existência. Porém, dependendo da decisão a ser tomada, vários fatores e motivos influenciam complexamente na mesma. Não podemos dizer, por exemplo, que existem escolhas eminentemente objetivas e racionais, pois nossa vida faz parte de “um todo”. Também surge neste contexto as condições do meio no qual vivemos, relacionadas agora à esfera social, cultural, familiar, religiosa, econômica, geográfica, política etc. que também norteiam nossas decisões, inclusive as circunstâncias e oportunidades de cada fase e momento. Mas, até que ponto nossas escolhas profissionais condizem com nossas dimensões pessoais, relacionadas, por exemplo, com a paixão, ideologia, família, amor, personalidade, sentimentos, qualidades, afinidades e limitações?
A paixão seria algo que nos faz projetar para um futuro, mas que ao longo do tempo e das circunstâncias, assume contornos diferentes fazendo com que ela seja desmistificada e encontre novos caminhos pelo qual se orienta. Isso nos faz refletir sobre os motivos pelos quais escolhemos a profissão de professor. Por mais que o ensino superior nos prepare para esta profissão, será na sala de aula que vamos de fato procurar um sentido para a paixão de ser professor. É no ambiente escolar que vamos assumir e cumprir vários e complexos papéis, alguns inicialmente impostos, seja pela tradição da imagem que a sociedade tem de professor ou pelos modelos burocráticos da escola e políticas educacionais. A paixão não é algo estático e somente faz sentido quando caminhamos e estamos em constante processo de descoberta. Desta forma, em nossa prática docente estamos a todo o momento tomando decisões e orientando nosso trabalho valendo-se de uma gama de situações e contextos no qual a escola está inserida e que também fazem parte do currículo, como o sócio-cultural, político, econômico, moral, ético e religioso. No entanto, este currículo ou é implícito ou é teórico, porque na prática ele se restringe somente a programações objetivas de conteúdos. Como explicitar, ou evidenciar questões subjetivas do nosso papel de professor e do contexto da escola neste currículo que se restringe somente à programação de conteúdos? É Neste ponto que uma reforma se torna necessária. Uma reforma não restrita ao âmbito do currículo, mas também em questão da formação docente a fim de que seu profissionalismo cresça e se torne parte de um contínuo processo.  Porém, este “crescer profissional” não ocorre de forma linear. Seria como percorrer uma escada em espiral que não é fixa nas extremidades, ou seja, uma escada infinita que se movimenta como uma mola nos dando, às vezes, a impressão de que não saímos do lugar, ou que retrocedemos. Mas só o fato de caminharmos para subir um degrau a mais neste processo formativo, já traz um significado para a superação e resgata um pouco mais de nossa subjetividade no exercício de nossa profissão como educador. 

2 comentários:

  1. Interessante a construção do texto considerando as palavras sugeridas...Uma escada não-fixa, mas que pode ser usada.Talvez aí esteja o desafio de ser professor.

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    1. Realmente Rita, um grande e ousado desafio. Este é o primeiro ano que ministro aulas de Física para turmas do Ensino Médio da rede pública. Muitas vezes me sinto nesta escada, e quando visualizo um ponto fixo para eu alcançar - uma meta através de um planejamento de aula ou atividade - tudo acontece de outra forma. Parece que não podemos prever e determinar qual caminho do processo de ensino e aprendizagem os alunos vão seguir, ou até mesmo qual tipo de conhecimento vão abstrair. Claro que não devemos ficar presos a um determinismo para ensinar, mas como a Física tem um método bem específico de entender e compreender os fenômenos, a prática docente deve ter um direcionamento para transmitir esta visão que a Ciência construiu ao longo da história. É justamente este “acontecer de outra forma” que estou analisando, e que inclusive também faz parte do currículo. Abraço!

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