O pensamento
curricular no Brasil
Alice Casmiro Lopes
Elizabeth Macedo
*A produção sobre o currículo no
Brasil estava atrelada aos EUA até os anos 80 (contexto político da guerra fria
com o plano norte americano de ajuda à America Latina através de acordos
bilaterais) - Modelo funcionalista
*A partir de 1980, com o processo
de redemocratização, surgem no cenário as vertentes marxistas de cunho sociológico:
pedagogia histórico crítica e pedagogia do oprimido que tentam obter hegemonia
nos discursos educacionais e na capacidade de intervenção política. -No cenário internacional, os pesquisadores
brasileiros passam a ter influencia de outros autores ligados à Nova Sociologia
da Educação, como Apple e Giroux, inclusive de outros autores europeus.
*O Brasil convive então em 1990
com esta múltilas influencias que marcam o campo do currículo (Compreensão das
relações de poder, contextualização política, econômica e social na compreensão
de currículo)
*Construção social do
conhecimento: relações do conhecimento científico e senso comum: multireferencialidade
do currículo como complexo, exigindo uma rede múltipla de referencias para a
sua interpretação.
*Hibridismo é que marca o campo
de currículo brasileiro na segunda metade de 90 sendo que diversos atores,
ligados a instituições ou não, procuram dar legitimidade ao seu discurso
disputando entre si quem tem autoridade na área.
*Instâncias institucionalizadas
conferem legitimidade nos discursos de autores, como por exemplo, instituições de ensino e pesquisa no qual o
mais significativo é o GT de currículo que vem constituindo como um dos
principais fatores capaz de garantir legitimidade na área para se falar de
currículo.
*Produção de currículo no Brasil
tomando os três principais grupos fonte de trabalhos, livros, revistas de
instituições especializadas: perspectiva pós-estruturalista, currículo em rede
e história do currículo e constituição do conhecimento escolar.
1- Perspectiva pós-estruturalista
*Principal representante: Tomaz
Tadeu da Silva
*Primeiros trabalhos: tem como
objeto central a análise das conexões entre os processos de seleção,
organização e distribuição dos currículos escolares e a dinâmica de produção e
reprodução da sociedade capitalista.
*Procura, posteriormente,
efetivar um diálogo entre as teorias críticas e pós-modernas
*Defende que as teorizações
pós-estruturalistas sejam problematizadas, tendo por referencia os princípios
fundamentais da teoria crítica da educação e seu projeto político.
*Com base eu Foucaut, desenvolve
o questionamento da idéia de que o saber e o conhecimento se constituem como fonte
de libertação, esclarecimento e autonomia. Isso porque não há um estado de
não-poder, mas sim um estado permanente de luta contra posições e relações de
poder.
2- Currículo em rede
*Cotidiano e formação de
professores
*Superar o enfoque disciplinar e
resgatar o conhecimento em sua totalidade através de eixos curriculares entendendo
o conhecimento como prático social e histórico incorporados á cultura
*Centralidade na prática dos
sujeitos que vivem o cotidiano curricular sendo que a formação se processa em
forma de tecido, ou seja, na articulação de várias esferas cuja compreensão
teórica evolve os espaços cotidianos em que esses currículos acontecem
valorizando o fazer curricular como uma produção de sentido (Desconstrução do
binarismo entre teoria e prática)
*Experiência curricular se
desenvolvendo em espiral de complexidade em que o momento individual e coletivo
seriam alternados e compostos por disciplinas e atividades múltiplas
*Na construção individual, situam-se
os múltiplos contextos que constituem o sujeito enquanto redes de subjetividade
*Espaço prático em que a teoria é
tecida, ou seja, como se dá a tessitura social do conhecimento questionando uma
redefinição sobre quais saberes devem ser valorizados
3- história do currículo e constituição do conhecimento escolar.
*Pensamento curricular brasileiro
e o estudo das disciplinas escolares, bem como as influencias internacionais na
constituição do campo do currículo
*Fenômenos culturais da sociedade
contemporânea no currículo: temática do multiculturalismo
*História das políticas
curriculares implementadas e da função do professor na constituição do campo cuja formação se
orienta para a valorização das relações entre teoria e prática e para a
inter-relação das dimensões científica e política da formação.
*Trabalhos em história das
disciplinas: consolidação de uma disciplina ligada á tradição acadêmica
relacionada também à constituição do saber escolar: como as disciplinas se
definem e se articulam com os demais saberes sociais- relação entre conhecimento
científico e conhecimento cotidiano. Transposição didática e de
disciplinarização segundo os objetivos sociais da escolarização
(especificamente na figura do professor)
Tendências
*Diversidade de tendências que definem
o campo do currículo contribuindo para a discussão de novas identidades para o
campo, tornando mais difusa a constituição de uma teoria do currículo
*Tendência de uma certa discussão
da cultura devido ás discussões sobre multiculturalismo ao associar a educação
e o currículo aos processos culturais mais amplos o que confere uma certa
imprecisão no campo intelectual do currículo
*A indefinição do capital
cultural leva, por vezes, a desconsiderar a especificidade da educação e dos
processos curriculares. Para se
considerar uma abertura a diversos fluxos de significados (característica do
multiculturalismo) deve-se ter habilidade para abrir caminho nesses outros
campos afim de manipular seu sistema particular de significados.
*Importância dos fluxos de
significados para o campo do currículo na media em que se rompe as divisões da
áreas de saber, revalorizando discussões e aproveitando elementos do seu campo
de origem
Algumas considerações e indagações
A partir da década de 80, o
Brasil parece se tornar “independente” para
vincular as pesquisas e teorias do campo do currículo com a formulação e implementação de políticas
educacionais. Certamente esta fase é uma fase de profunda crise nos termos de
procurar uma identidade nacional para o currículo brasileiro e o início de um
processo em que mudanças significativas são visadas frente a este contexto.
Interessante notar como as
vertentes sociais, relacionadas ao Marxismo influenciaram o pensar sobre
currículo, até porque uma sociedade capitalista e neoliberal estava em ascensão
devido ao contexto histórico do fim da guerra fria e “decadência” da União
Soviética. Neste cenário surge a multireferencialidade do currículo procurando
entendê-lo dentro do contexto social, cultural, econômico e político.
Uma das vertentes que mais
julguei interessante foi a do currículo em rede. Essa é a vertente que mais se
aproxima da realidade do currículo ao mencionar que é na prática em a teoria é
tecida ao considerando o contexto no qual a escola, professores e alunos estão
inseridos. Essa é a concepção que mais atenua a grande distância entre
currículo oficial e currículo vivenciado.
Gostei do resumo do acima e do seu blog também.
ResponderExcluirResumo cuidadoso e extraiu o principal e o secundário do texto lido. Muito bem...
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